Uma mente temerosa é como um cachorro acuado: late para o espelho, mas treme diante da própria sombra. É a voz interna que, antes mesmo do primeiro passo, já sentencia: “Isso é loucura, isso não é pra você, fique quieto, não se exponha.” O resultado? Uma vida inteira de joelhos, pedindo permissão até para respirar. Tem muito zumbi de escritório por aí, puxando oxigênio, mas morto de medo de existir.
A cabeça submissa é o maior vírus do nosso tempo. O comodismo, essa praga silenciosa, transformou multidões em figurantes da própria história. Gente que aceita o papel de coadjuvante no filme da própria vida, desde que o salário caia na conta e o Wi-Fi não falhe. Ousadia virou artigo de museu, coragem é peça de antiquário – e, se você ousa ser diferente, logo aparece um exército de covardes invejosos para lhe chamar de insano, radical e extremo!!
Essa mesma mente temerosa prega a cartilha do “tomar juízo”. O juízo, aliás, virou sinônimo de mediocridade. “Não invente moda, não sonhe alto, não seja você mesmo – seja igual, seja previsível, seja seguro.” O resultado? Uma sociedade banal, pessoas uniformizadas com a fantasia do politicamente correto, trocando autenticidade por curtidas e aprovação de desconhecidos para suprir a sua necessidade afetiva de carência.
E as emoções? Ah, essas viraram obras de arte falsificadas. Sorrisos somente para feed, lágrimas de stories, indignação de hashtag. Tudo pronto para consumo, tudo pasteurizado e enlatado para não incomodar. Ninguém mais sente de verdade – apenas representa. O medo de ser rejeitado é tão grande que a maioria prefere ser uma cópia malfeita do que arriscar ser original. Se antes, respeitar, admirar, honrar eram a base do amor, hoje o “amor é ser aceito pelos pseudos importantes para se achar pseudo relevante”.
Respirar não é viver. E viver com medo, meu caro, pode lhe matar. Se você anda com sela e cabresto, cuidado: só falta cremar, porque a alma já foi pro espaço faz tempo. A vida virou um curral de gente domesticada, esperando o próximo comando, o próximo “pode”, o próximo “não pode”. O instinto? Castrado. A vontade? Vendida em 72 vezes sem juros.
Por isso, ainda precisamos de Diógenes e sua lamparina. O velho mendigo, que já era chamado de louco lá atrás, ainda segue vivo vagando pelo mundo à procura de um ser humano de verdade. Alguém que não tenha medo de ser autêntico, que não venda a honra por um pouco de conforto, que não falsifique as próprias emoções para agradar a plateia.
Se ainda tem coragem de ser de verdade e tuas ações corroboram com a honra, parabéns: você é a exceção. Agora, olhe ao redor — e veja quantos ainda preferem o conforto do pet shop ao risco da liberdade e da autorresponsabilidade.