O planeta não precisa de você

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A humanidade adora se sentir protagonista. É como se cada um fosse o herói de um épico ambiental, onde o simples ato de separar o lixo reciclável garantisse a salvação da Via Láctea, mesmo sem saber o fim desse lixo. Ah, as embalagens plásticas que as grandes empresas utilizam para lucrar ainda mais e que conseguiram te culpar por não reciclar, não separar o lixo, sendo que seria tão mais fácil não utilizar/comprar/vender…

Hoje o sujeito planta uma muda de árvore, faz pose para a foto e, pronto, já se sente o novo guardião do Éden. Enquanto isso, o planeta — esse velho e impassível sobrevivente — assiste a tudo com o tédio de quem já viu dinossauros irem e virem, mares subirem e descerem, continentes se partirem como bolachas esquecidas na chuva.

A verdade é que somos, no máximo, uma nota de rodapé na história da Terra. Mas o humano, esse bicho presunçoso, acredita que pode salvar ou destruir tudo com um clique, um post engajado ou uma assinatura em petição online. Acha que é “doutor”, “executivo”, “pop star digital”, mas mal consegue sobreviver sem o tutorial do YouTube para fritar um ovo.

O mais divertido é ver a turma do “faça sua parte” competindo para ver quem é o mais consciente, o mais engajado, o mais “do bem”. Desfilam suas virtudes em redes sociais como se fossem medalhas olímpicas, mas, na vida real. Lutam pela paz com frases de efeito, mas explodem em ódio no primeiro comentário discordante.

Falar que luta pela paz é a mais pura ignorância. Paz não se conquista com hashtag, nem com discurso de palco no evento da firma. Paz é ausência de conflito — e, convenhamos, o ser humano é especialista em criar problemas até onde não existem. E, claro, sempre com aquela aura de superioridade moral: “Sou uma pessoa boa, do bem”. Como se bondade precisasse de crachá ou de selo azul de verificação.

A arrogância chega ao ponto de achar que a Terra depende de nossa benevolência. Esquecem que, antes de nós, o planeta já foi lar de monstros maiores, catástrofes mais violentas e eras de gelo que fariam qualquer “crise climática” parecer brisa de verão. Se amanhã a humanidade sumir, a Terra vai dar um bocejo, soprar a poeira e seguir seu baile cósmico, talvez até mais leve sem tanto egocentrismo e tanto lixo emocional.

No fim, você vai morrer. Talvez a sua espécie suma junto. E o planeta? Vai continuar existindo, tranquilo, girando no silêncio do espaço, esperando a próxima espécie que se ache o centro do universo.

Lamento informar, mas a Terra não se importa com você, talvez nem quem conviva com você queira estar contigo, mas não desanime: sempre tem vaga para figurante no espetáculo da irrelevância da vida terrena ou acorde e de um jeito de aceitar e pelo menos ser o dono do grão de areia que é a tua vida.

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