Cogito, Ergo Sum

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René Descartes e seu “Discurso do Método” entregou uma frase clássica: “Cogito, ergo sum”. Após frequentar as melhores universidades da Europa, ele percebeu que havia aprendido praticamente nada de substancial e decidiu duvidar de tudo. E se o mundo inteiro fosse uma ilusão? E se nem o próprio corpo existisse de verdade?

Foi nesse abismo de dúvida que Descartes encontrou sua primeira certeza: ele não podia duvidar de que estava duvidando. E se estava duvidando, estava pensando. E se estava pensando, necessariamente existia — pois algo que não existe não pode pensar. “Penso, logo existo”. Tornando assim a existência do sujeito pensante como fundamento inquestionável de todo conhecimento. A partir dessa certeza primária, ele reconstruiria todo o edifício do conhecimento humano, baseado não em autoridades externas ou tradições herdadas, mas na luz natural da razão.

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Descartes estava dizendo: você não precisa acreditar em nada que não possa provar através do exercício rigoroso da sua própria razão. O pensamento autônomo, crítico, metodologicamente disciplinado era a chave para escapar da caverna das opiniões herdadas e alcançar a luz da verdade indubitável.

Quatrocentos anos depois, o que Descartes mais temeu se concretizou de forma que ele jamais poderia imaginar. Hoje até o instinto é tão programado, essa frase captura perfeitamente a inversão completa do projeto cartesiano. Onde Descartes buscava a autonomia radical do pensamento e sonhava com mentes emancipadas pela razão, produzimos mentes escravizadas.

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A mídia eletrônica que Descartes nunca poderia imaginar não libertou a razão humana — a aprisionou. A burrice é crônica e a mídia eletrônica – não é coincidência, é. Descartes imaginou seres humanos como sujeitos ativos do conhecimento, questionando metodicamente cada crença até alcançar certezas indubitáveis – e por que não um novo ciclo tal qual o primeiro?

Ah, raciocínio só por falta de opção — essa é a tragédia máxima: uma enormidade de pessoas não pensam, elas no máximo têm pensamentos… nem duvidam de coisa alguma, quem dirá buscam encontrar certezas verdadeiras. O algoritmo (que outrora já foi mídia, o sistema – mudam somente os nomes) pensa por mim, logo não sou nada além de consumidor programado.

Descartes descobriu que a única certeza é a existência do sujeito pensante; nós descobrimos que é possível existir biologicamente sem pensar coisa alguma.

O projeto de René não fracassou porque estava errado, mas porque exigia demais da humanidade. Exigia que pensássemos por nós mesmos, que questionássemos, que suportássemos a vertigem da dúvida até alcançar certezas verdadeiras. Descartes não previu que a humanidade, dada a escolha entre autonomia intelectual e escravidão confortável, escolheria massivamente a escravidão.

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