Ana Paula de Andrade Janz Elias (*)
Flavia Sucheck Mateus da Rocha (*)
Paulo Martinelli (*)
O feriado de Páscoa está chegando e, mesmo em meio a uma crise pandêmica, é possível verificar lojas e supermercados preocupados com as vendas dos ovos de chocolate. Os donos dessas empresas, bem como os departamentos de Marketing delas, não estão fazendo nada além do trabalho deles. Afinal, compra quem quer, não é mesmo? Você já deve ter percebido que o preço desse produto varia num percentual de quase 100%, dependendo do local e da marca. O público-alvo muitas vezes paga pela aparência, pela promessa de uma “surpresa”.
E isso não acontece somente com ovos de chocolate, nem é exclusivo do período da Páscoa. As pessoas costumam gastar sem uma efetiva necessidade apenas para ter um determinado objeto, roupa, ou outro bem de consumo. Visando satisfazer suas necessidades, é possível encontrar consumidores pagando 100% – ou até mais – acima do valor real de um determinado produto.
O problema real não está no preço, não está no percentual ou nos juros do bem de consumo, e sim no poder de compra dos consumidores. Muitos indivíduos, pela necessidade do “ter”, gastam o que não têm e fazem empréstimos a juros altíssimos para conseguir comprar coisas e pagar suas dívidas. Certamente você já ouviu falar que as pessoas trabalham para comer o pão diário e é isso mesmo que acontece em várias situações. E isso não é exclusividade da classe menos favorecida, pessoas de classe média também entram nessa estatística. Para exemplificar e analisar isso é possível imaginar duas situações diferentes:
(situação a) um indivíduo ganha líquido por mês o valor de R$ 1.000,00 e precisa pagar água, luz, aluguel, telefone, transporte e comprar comida. Ao fazer algumas escolhas ele acaba comprando menos comida, indo trabalhar a pé, ou deixando a conta de telefone atrasar, gasta 100% do valor recebido, mas não faz nenhuma outra dívida porque sabe que não poderá arcar com ela em um futuro próximo.
(situação b) outro indivíduo ganha líquido por mês o valor de R$ 8.000,00. Ele coloca esse dinheiro na conta corrente de um banco que lhe deu um limite de R$ 3.000,00. Então quando ele retira seu extrato, o valor disponível apresentado em sua conta é de R$ 11.000,00. Mesmo sabendo que o limite do banco não é dele efetivamente, esse indivíduo paga as contas básicas e também faz outras contas não necessárias, gastando assim o total de R$ 11.000,00 no mês. Ou seja, ele gasta mais do que ganha. Esse indivíduo, no mês seguinte, acabará pagando juros sobre o valor do limite utilizado e isso sairá diretamente do seu valor líquido recebido mensalmente.
O que é possível refletir a partir dessas duas situações hipotéticas – não querendo aqui tratar de juros sobre juros – é de que o indivíduo apresentado na situação b tem menos consciência de sua situação financeira se comparado ao indivíduo apresentado na situação a. Ou seja, esse segundo indivíduo não tem uma educação financeira que o permita desfrutar com tranquilidade do salário que recebe. Ele precisará sempre pagar juros e acabará, na prática, tendo menos poder de compra do que imagina ter.
Por isso é tão importante, e possível, “defender a bandeira” de que as instituições de ensino trabalhem questões de Educação Financeira com seus estudantes, e desde o ensino básico. As novas gerações precisam perder os costumes (já enraizados na vida de muitos adultos) de consumir apenas pelo ato de consumir. É preciso ter ciência do seu poder de compra!
É importante apresentar às novas gerações as possibilidades de investir, as possibilidades de gastar menos com o mesmo produto por meio de uma breve pesquisa de mercado e, ainda, as possibilidades de fazer escolhas por bens de consumo que gerem renda e não custos. Uma Educação Financeira efetiva, ao invés de levar o indivíduo às compras sem planejamento, gera qualidade de vida para o momento presente e a longo prazo também.
(*) Ana Paula de Andrade Janz Elias é mestre em Ensino de Ciências e de Matemática. Docente na área de Exatas da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER
(*) Flavia Sucheck Mateus da Rocha é mestre em Educação de Ciências e de Matemática. Docente na área de Exatas da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER
(*) Paulo Martinelli é mestre em Informática Aplicada e coordenador da área de Exatas da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER