01/06/2021 às 12h31min - Atualizada em 01/06/2021 às 16h00min

Viagem á Lua, Liderança e Comunicação

Por Anderson Passos, gerente de Marketing e Relacionamento com o Cliente da Vedacit

SALA DA NOTÍCIA Vanessa de Cássia Tófano Denardi
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* Por Anderson Passos
 
Às vésperas do Natal de 1968, a missão americana Apollo 8, liderada pela tripulação de três gabaritados astronautas: Frank Frederick Borman II, James Arthur Lovell e Willian Alison Anders (Bill Anders), se preparava para tentar uma nova manobra, a Injeção Translunar. Eles estavam se afastando da Terra ansiosos para se aproximar da Lua – a velocidade era de 38.950 quilômetros por hora – a maior rapidez que um ser humano percorrera, até então. Em um ritmo supersônico, quanto mais eles avançavam, melhor podiam observar o que nenhum ser humano vira antes em sua totalidade: a Terra – e sim, ela é redonda.  Borman foi o primeiro homem a ver a Terra como um globo. Anders registrou a primeira foto, a partir da órbita lunar. Tal imagem ficou conhecida como “Nascer da Terra”.

A missão dos cosmonautas era relativamente simples: eles não pousariam na lua, mas identificariam um local apropriado de pouso para futuras missões. A Apollo 11, em julho de 1969, pousou na Lua. À medida que eles foram se aproximando do satélite, tiveram dificuldade para captar as imagens com a câmera. Diante deste imprevisto, tiveram que lançar mão de uma alternativa e apostar em uma tecnologia mais simples para descrever a peripécia: a palavra falada. Mas como? Eles foram preparados por severos processos de seleção e desenvolvimento da Nasa; eram exímios pilotos de caças; sabiam a ciência dos foguetes; Anders frequentou a Academia Naval e a Força Aérea. Mesmo com todo este arcabouço de inteligência, destreza e conhecimento, precisavam naquele momento das habilidades de um poeta, de um comunicador – descrever a Terra e a Lua com palavras e termos que fossem capazes de expressar o momento singular e histórico.

O que se ouviu a seguir foram uma coleção de frases que não expressavam a magnitude do momento: “...as alvoradas e os poentes lunares. Estes, em particular ressaltam a natureza árida do terreno”. Anders descrevia um quadro desolado da luz brilhante que atingia a dura superfície lunar. Lovell descreveu a cena: “a vasta solidão da Lua é assombrosa. Daqui a Terra é um oásis grandioso na grande vastidão do espaço.” Borman, o comandante, finalizou com uma frase eloquente: “é um tipo de existência vasta, solitária, intimidante ou vastidão do nada”.
Analisando esse episódio da história podemos fazer um paralelo com nossos profissionais e líderes nas empresas. Seres sagazes, com profundidade técnica invejável, anos de estudos e aprendizados. Porém, podem tropeçar quando o tema é comunicação e liderança. Em mais de 25 anos de mundo corporativo, tenho observado líderes que são evidenciados e valorizados por suas habilidades técnicas e cognitivas, mas quando o assunto é comunicar – tornar comum, do latim communicare, são insuficientes e insossos.

No Brasil, temos enfrentado situações sensíveis. O momento da pandemia agravou ainda mais a atmosfera nas empresas: economia fraca, medo do desemprego, crise política e de saúde, sugam a motivação e o engajamento para um buraco negro. Exatamente nestes períodos, a liderança tem que “rodar bandeira dois” e fazer valer o seu papel. Além de equilibrar os orçamentos de suas áreas, resolver problemas “para ontem” e criar estratégias sólidas para manter o fluxo de caixa com recursos escassos, devem, inicialmente, assegurar o bem-estar e o equilíbrio emocional de seus times. Tarefa difícil para os profissionais que culturalmente eram cobrados por suas habilidades técnicas.

Em períodos de crise, os profissionais precisam enfrentar uma carga de trabalho excessiva. Com isso, a tendência é de que a comunicação entre líderes e profissionais diminua. Pior, param de se comunicar com áreas parceiras e deixam de planejar. Apenas “saem fazendo”, enaltecendo o rótulo de tarefeiros. Agora, mais do que nunca, esta faceta não basta. Cuidar das relações, conversar com times, ter escuta ativa e se importar com as pessoas, torna-se imperativo e basal. Muitos gestores esquecem que trabalham para suas equipes e não para seus líderes. Trazer leveza, otimismo e uma pitada de bom humor vai ajudar. Não digo que o momento é para se usar óculos cor-de-rosa ou iniciar o dia de trabalho contando uma piada. Digo que se deve olhar para as pessoas do time como seres humanos que precisam ser cuidados, ouvidos e valorizados, ainda mais.

Voltemos ao Apollo 8. Antes de voltar para a Terra os pilotos queriam enviar uma mensagem especial para todos. Afinal, era Natal. “Para todas as pessoas na Terra, a tripulação da Apollo 8 tem uma mensagem”. Bill Anders, o ‘retratista espacial’, começou: “no princípio, Deus criou o céu e a Terra. Ora, a Terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo e um sopro de Deus disse: haja Luz, e ouve luz”. Lovell e Borman, finalizaram o Mito da Criação, texto de Gênesis, da Bíblia. Na Terra, uma audiência ao vivo de 500 milhões de pessoas ouviram fascinadas. A frieza e falta de traquejo com a descrição da Terra no início da história foi corrigido por uma estratégia de comunicação planejada, positiva e inspiradora. Um ótimo exemplo de como um líder deve agir.

Fontes bibliográficas:
  • Martin Puchner, O Mundo da Escrita: como a literatura transformou a civilização. Companhia das Letras, 2019.
  • Daniel Costa, Não existe gestão sem comunicação: Como conectar endomarketing, liderança e engajamento, Dublinense, 2014.

* Anderson Passos é gerente de Marketing e Relacionamento com o Cliente na Vedacit, líder no mercado de impermeabilização. Formado em Comunicação Social na PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), com MBA em Marketing com módulo internacional na FGV-Campinas (Fundação Getúlio Vargas) e Babson College em Boston (EUA) e mestrado em Semi-ótica e Rituais de Consumo em Marketing na USP (Universidade de São Paulo). Possui 19 anos de experiência em Comunicação Corporativa, Marketing Institucional, Relacionamento com a Imprensa, Eventos, SAC e Assistência Técnica, com atuação em empresas de grande porte multinacionais e nacionais.
 
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