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16/06/2021 às 16h57min - Atualizada em 17/06/2021 às 00h10min

Seminário Internacional destaca os desafios e oportunidades da Caatinga

Com o tema "Um novo olhar sobre a Caatinga", especialistas do semiárido destacam ações efetivas para o desenvolvimento da região

SALA DA NOTÍCIA Vervi Assessoria

 

O bioma da Caatinga cobre 75% da área do semiárido, que tem ao redor de 960 mil quilômetros quadrados. A região foi destaque do painel “Um novo olhar sobre a Caatinga”, que abordou o potencial desse bioma e da sua população, bem como aproveitar o aparato técnico cientifico já disponível na região. Além da visão do futuro para o ecossistema que, até então, tem sido considerado como uma das áreas críticas e com maior dificuldade de desenvolvimento e alto nível de pobreza no Brasil.

O moderador do painel, Geraldo Eugênio, do Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, chamou a atenção para o fato de existir uma mudança em curso na Caatinga. “ O Nordeste é hoje o principal produtor de energias renováveis do país. Todas as projeções de investimentos que temos apontam que, nos próximos anos, os maiores investimentos a serem feitos no mundo serão em energias renováveis, superando, inclusive, o petróleo”.

Se essa informação se concretizar, a região, que detém vários polos de energia eólica e fotovoltaica, beneficiará diretamente o desenvolvimento da atividade agrícola. Outra questão é a água: “quando falamos desse insumo temos duas bacias muito importantes que são a do Rio São Francisco e a do Parnaíba, e a elas estão conectados os maiores perímetros de irrigação”, salientou Eugênio.

Valorização da biodiversidade com base na ciência

Em sua apresentação, Lucas Leite, da Embrapa Agroindústria Tropical, afirmou que os setores precisam olhar o Nordeste como uma região detentora de um grande potencial, principalmente pela riqueza da sua biodiversidade. “Nós da Embrapa Tropical acreditamos que o Nordeste tem vocação para a exploração de nichos e especialidades, com exceção de algumas áreas da Bahia, Maranhão e do Piauí, onde o plantio e a exploração de commodities já é realidade”.

Diante disso, a valorização da biodiversidade com base na ciência, aprofundando os estudos sobre plantas, animais e microrganismos adaptados às condições climáticas da região, é um caminho para viabilizar as transformações desejadas.

“A agricultura é mais do que alimentos, energia e fibra, ela também comtempla nutrição, saúde, serviços ambientais, gastronomia e turismo. Com isso, passamos a trabalhar nas regiões da Caatinga com foco em agregação de valor para a cadeia produtiva como um todo, visando também o aproveitamento integral da matéria-prima”, ressaltou Leite.

Ainda segundo o especialista a agenda para o Nordeste deve contemplar, não só os ganhos de produtividade de um sistema de produção, mas também, o desenvolvimento de alimentos funcionais, de fármacos, de cosméticos, suporte para controle biológico, filmes e embalagens inteligentes, todo um conjunto de rotas tecnológicas e processos agroindustriais visando agregação de valor.

 

Produção irrigada: o futuro da Caatinga

Na condição do ecossistema semiárido que coincide com o bioma Caatinga, o caminho mais curto que temos para o desenvolvimento da agricultura nesse ambiente ainda é a irrigação, destacou em sua apresentação, Pedro Gama, pesquisador e gestor da Embrapa Semiárido.

O sucesso dos polos irrigados em todo o semiárido, a exemplo do São Francisco, com produtos de alto valor agregado como a fruticultura é incontestável. Sendo importante destacar o papel das instituições de pesquisa para a criação dessa base técnica para uma agricultura irrigada nestas condições, que são muito específicas do semiárido tropical. Inclusive o bioma Caatinga, que é único no mundo.

“O semiárido luta contra uma forte limitação de recursos hídricos, ainda mais de acesso à água, e aí está o desafio que se coloca muito forte para as instituições de pesquisa e desenvolvimento, que é promover o desenvolvimento de atividades agrícolas nessa condição de semiárido e, principalmente, nas áreas dependentes de chuva. Levando em consideração as irregularidades de chuvas e as adversidades de ordem climática”, frisou Gama.

AgroNordeste

O projeto AgroNordeste, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi apresentado por Paulo Melo, diretor técnico da ação. O AgroNordeste tem uma visão de ter pequenos e médios produtores incluídos em mercados rentáveis. Com volume e qualidade de produção adequadas, boas práticas agrícolas e agroindustriais, bem como boa capacidade de gestão dos próprios negócios. Com progressos alcançados na segurança jurídica no campo e em conformidade ambiental.

O AgroNordeste beneficiará diretamente:

  • 30 territórios rurais (500 municípios, 12 milhões de brasileiros);
  • 30 mil assentados da reforma agrária em projetos de inclusão produtiva de assentamentos (Produzir Brasil);
  • 150 mil famílias (título de propriedade pelo Programa Nacional de Reforma Agrária, com inscrição no CAR);
  • Todos os elos das cadeias agropecuárias alvos nos territórios e assentamentos;
  • Produtores de frutas do Vale do São Francisco e Chapada do Apodi.

“O prazo de execução do programa é de seis anos e estamos levantando um empréstimo no valor de U$$ 670 milhões de dólares. É um programa que se destaca por apresentar oportunidades econômicas, a regularização fundiária e conformidade ambiental e, também, ações de defesa agropecuária contra as moscas das frutas”.

 

Projeto Biomas Tropicais

O Projeto Biomas Tropicais é coordenado pelo Instituto Fórum do Futuro, presidido pelo Professor Alysson Paolinelli, e conta no seu núcleo central com a parceria de instituições como o CNPq, a Embrapa, a Universidade de São Paulo (ESALQ), as Universidades Federais de Lavras e Viçosa, o Centro de Gestão de Estudos estratégicos, o SEBRAE e a FGV-Agro, além de inúmeras instituições regionais em cada um dos biomas estudados. A experiência deve desenvolver alternativas para a integração da ciência, energia, natureza e alimentos, criando uma sinergia entre essas áreas e dando grande ênfase a ações sustentáveis.

A concepção do Projeto Biomas começou há oito anos e a implantação teve início em meados de 2019, no Polo Demonstrativo dos Cerrados, em Rio Verde (GO). Agora estão sendo iniciados os trabalhos na Amazônia e na Caatinga.


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