Ao compartilhar experiências nas redes sociais Mari Lima conseguiu muito mais do que seguidores, ganhou autoestima e amor-próprio. Aos 33 anos, ela soma mais de 4 milhões de visualizações em seus canais - 90 mil inscritos no Youtube e mais de 95 mil seguidores no Instagram. Hoje, Mari é modelo, criadora de conteúdo, influencer digital e mãe, mas quando começou há cerca de seis anos a realidade era outra.
Formada em Comunicação Social, Mari criava conteúdo para marcas e agências, mas com o tempo encontrou seu nicho de mercado. Isso porque tinha dificuldade em achar roupa que a agradasse e servisse. “Desde criança peso mais do que a maioria e naquela época um vestido, por exemplo, era muito mais caro se fosse de tamanho maior”, lembra.
Assim, ela decidiu postar sua realidade nas redes e em seis meses – sem automação – tinha 40 mil seguidores. “Era meu passatempo, me fazia bem. Mostrava o que de fato acontecia comigo e recebia retornos muito semelhantes. Compreendi que não estava sozinha. Criei relacionamento verdadeiro com minhas seguidoras, sem pretensões”, diz.
Ela conta que conforme crescia como blogueira sua autoestima aumentava. “Foi um processo genuíno, em que me desconstruí à medida em que compartilhava o que vivia. Não me olharia como me vejo hoje não fosse essa troca com as seguidoras.”
Nessa trajetória, Mari vivenciou muitas dificuldades. Aos 29 anos, por exemplo, quando caminhava rumo ao amor-próprio e à autoaceitação, não apenas do corpo, sua vida mudou completamente ao engravidar. A gestação foi de alto risco e o medo de morrer na sala de parto era grande. Mari conta que viveu os nove meses de gestação como se fossem os últimos de sua vida. E foram! Ao menos da vida antiga, já que após Valentina nascer tudo se transformou.
Com o nascimento da filha, Mari ainda não se sentia confortável em compartilhar sobre maternidade nas redes devido às notícias e dados que lia sobre obesidade e maternidade na internet. Ela afirma que só conseguiu ficar à vontade para compartilhar o relato de parto quando Valentina tinha quatro meses. O vídeo com este depoimento é um dos mais acessados do seu canal e várias seguidoras se identificavam e faziam diversas perguntas. Como não conseguia responder as dúvidas, Mari pensou em uma forma de ajudar as outras mães com obesidade e criou o grupo no Facebook "Mamães, Gestantes e Tentantes Plus Size", atualmente com mais de 3 mil membros.
Ela também fez uma pesquisa em que mais de 200 mulheres com mais de 100 quilos participaram. Assim, constatou que muitos dados realmente batiam com os relatos da internet, já que a pesquisa mostrou que em 90% dos casos as mães gordas conseguem seguir com a gestação e os bebês nascem saudáveis. A partir disso, Mari escreveu um e-book sobre o tema. "Precisava confirmar se os dados eram reais, porque não encontrava nenhuma pesquisa ou estudo específico com mães gordas, que podem, sim, ter uma gestação tranquila."
Além da dádiva e do amor que sentia por sua filha, a blogueira teve de aprender sobre sua nova condição na marra. “De repente, virei mãe, estava casada e com uma casa para administrar. Com isso, deixei de postar e interagir com minha audiência. Meu Instagram passou a ser apenas um álbum da minha filha e muitos deixaram de me seguir”, diz.
Com o tempo, Mari viu que precisava retomar a carreira. Em 2019, estava separada, desempregada e com uma filha para sustentar. “Foi tenso, tive que me reinventar de novo, mas voltei a produzir conteúdo como nunca. Além de voltar a falar sobre moda, postava vídeos dos meus momentos com a Valentina, sobre a nova realidade em ser mãe solo e recebia perguntas sobre o que vivenciávamos. Minhas seguidoras, assim como eu, também tinham problemas e sofriam preconceito por serem mães gordas”, diz.
Por isso, Mari tem o propósito de ajudar mulheres, principalmente mulheres gordas, a se se olharem com mais amor. “Meu objetivo é que elas consigam entender que podem ser o que quiserem, independentemente do corpo ou do peso que tenham. A moda e a maternidade me ajudaram a enxergar quem realmente sou e compartilhar esse processo nas redes me ajudou a confirmar tudo isso. Hoje, continuo lutando contra a gordofobia e me esforço para que no futuro, se minha filha for uma mulher gorda, não passe por nada do que passei. Que as pessoas normalizem o corpo gordo em todos os sentidos", enfatiza.
*Sobre Mari Lima* - Mari Lima divide seu dia a dia com dicas plus size sobre moda, beleza, autoestima e maternidade no Instagram e no Youtube. Com mais de 4 milhões de visualizações em seus canais, Mari é modelo, criadora de conteúdo, influencer digital e mãe!