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11/11/2022 às 17h20min - Atualizada em 15/11/2022 às 00h09min

ENEM: Não compre ideias dos outros

SALA DA NOTÍCIA Verbo Nostro
Estou terminando o meu curso de cartomante, para adivinhar o tema da redação do ENEM. Pergunto: E se eu acertar de novo, você estará preparado (a) para discuti-lo? Não é um conselho, mas uma constatação: "O ENEM deve trazer um tema surpreendente, de caráter sociopolítico, socioeconômico, comportamental ou relativo à preservação do meio ambiente".

Venho ensinando nas aulas, em textos e nas redes sociais há tempos, que você se prepare para qualquer tema. Essa é a chave da questão. O Encceja, por exemplo, trouxe um tema surpreendente: "A indústria da moda e a destruição do meio ambiente". Por que não um desses no ENEM? Você está preparado para discuti-lo? Então, pense em como seria discutir uma questão como essa. "Não seja pego (a) com as calças nas mãos".

Cuidado: a banca examinadora está preparada para identificar os modelos "milagrosos" que pululam na internet. É fácil identificar o "decoreba": o aluno cita uma frase linda de Nietzsche e, em seguida, comete erros crassos de ortografia ou de concordância, por exemplo. Existem os bons alunos capazes de fazer adaptações? Sim. Você está entre eles? Se está inseguro (a) pode parir um monstrengo. Se todos os modelos fossem "milagrosos", teríamos 1000 notas 1000 e não apenas 10 em 322 milhões de textos. Não existe a redação perfeita e sim a bem feita.

Não compre ideias dos outros, faça valer a sua visão crítica. Evite a citação pela citação de filósofos, sociólogos, historiadores, escritores. É um erro. Alguém enfiou na sua cabeça que isso é repertório cultural. Não é. É "decoreba". Não acrescenta nada. É um tal de citar Bauman, Nietzsche, Platão, Aristóteles, Foucault, Adorno, Horkheimer, Milton Santos, Sartre, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt (agora), Carolina de Jesus; 1984, Revolução dos Bichos, Cidadão de Papel, O segundo sexo, Vidas secas, Memórias Póstumas de Brás Cubas; Quarto de despejo; a Constituição brasileira de 1988, a Declaração universal dos direitos humanos, sem nenhuma contextualização. Isso não tem nada a ver com repertório, tem a ver com salvação: impressionar o corretor.

Prepare-se para pensar com a sua cabeça. Não dói. Desenvolva um raciocínio em que caibam ponderações, críticas fundamentadas, sugestões exequíveis para minimizar os problemas propostos. Pense nas suas experiências de leitor, cidadão, aluno e no momento histórico.

O tema é uma situação-problema, você não tem que solucioná-lo e sim sugerir possibilidades para minimizar os seus efeitos. Leia o tema, com calma. Concentre-se no todo e não em algumas palavras. Cuidado para não fugir dele ou tangenciá-lo, por isso esqueça as partes, olhe o todo.

Algumas ponderações: 
Possibilidades: a) Faça a redação, em seguida, as questões. b)Outra possibilidade: Fazer o projeto de texto no rascunho, conversando consigo mesmo (a), para saber qual a sua tese e onde colocar os seus argumentos para defendê-la. Selecione os mais importantes. Uma dissertação nada tem a ver com discutir tudo o que se sabe sobre o tema. c) Mais uma possibilidade: o tema versa sobre o momento histórico atual. A sociedade é o macrocosmo e você o microcosmo: tudo o que o (a) atinge. Você é um ser histórico, um ser social. Pense no comportamento da sua geração e em comparações: uma cidade, se comparada a um país; um país, se comparado ao mundo; o atual, se comparado ao histórico. d) Outra possibilidade é fazer o texto no rascunho e, em seguida, fazer a prova de inglês, para adquirir distanciamento, fica mais fácil ver os erros. Em seguida, passar a redação a limpo.

Você tem três minutos, em média, para resolver uma questão, então se dedique, primeiro, às questões que trazem textos menores. Nunca fique preso (a) em uma questão por mais de três minutos: "Sei, faço; não sei, pulo. Cuidado com as afirmações categóricas, como, NUNCA, SOMENTE, JAMAIS, SEMPRE... Quase sempre trazem "pegadinhas".

Leia o enunciado, em seguida, as opções, pois JUNTOS direcionarão a leitura para a compreensão do texto acima. As questões são "objetivas", portanto de "compreensão": leitura gramatical; ler o que está escrito: sujeito, ação (tempo verbal); complementos. A resposta está no texto. Não são questões de "interpretação": dedução; subjetividade. Não é o que você acha que é. É o que está escrito. Comete-se o erro aqui. A subjetividade fica para a discussão do tema da redação.

A intervenção social necessita de especificações (detalhamento) e não de generalizações. Vá direto às "sugestões" (viáveis), para "minimizar" o problema. Esqueça: Governo Federal; campanhas; o problema do Brasil é a falta de investimentos em educação etc.

Evite repetição de palavras e mudar as palavras, repetir ideias, mudando apenas as palavras. É o que se chama de redundância, ou seja, desconhecer a norma culta padrão, dentre outras coisas, não haverá progressão textual.

Nunca escreva o que "acha que sabe". Na verdade, você não sabe. Correr riscos, não vale a pena, sob hipótese alguma. Substituição é a palavra-chave. Afora isso, faça o que é mais confortável para você. Fiz apenas ponderações. 
Se você esperava uma dica de tema, já dei neste texto.
Divirta-se.

Professor Luiz Claudio Jubilato, especialista em Língua Portuguesa e em vestibulares, diretor do Criar Redação.

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