16/12/2022 às 16h37min - Atualizada em 19/12/2022 às 00h09min

Como o desenvolvimento de novos líderes está relacionado ao protagonismo dos colaboradores

Ao ser discutido o papel dos líderes, esse é um aspecto essencial para ser debatido

SALA DA NOTÍCIA Paula Ferezin
Muito se critica a atuação dos gestores, especialmente depois da era digital e pós-pandêmica. Há décadas são promovidos programas para o desenvolvimento de lideranças, mas poucas são as empresas que têm êxito neste processo. Joacir Martinelli, diretor técnico e consultor da Duomo Aprendizagem Corporativa, afirma que é preciso considerar e entender a construção histórica desse papel para que assim seja proposta uma mudança efetiva.

O modelo de liderança foi construído ao longo de gerações e o que dificulta a mudança é não entender sua origem antes de promover novas práticas. Não se fala dessa construção histórica, da hierarquia estrutural imposta há centenas de anos. Assim como o patriarcado e o racismo, o poder é de que quem está em cima na hierarquia corporativa, é quem toma as grandes decisões e assim é mantido. “É necessário mudar esse mindset e entender que a autonomia e a atitude protagonista dos colaboradores são fundamentais para que o time inteiro esteja engajado e comprometido com os resultados”, pontua Martinelli.

A responsabilidade é uma das maiores expectativas das empresas sobre os gestores, e, por vezes, geram uma obrigação descomunal vinda dos superiores, dos pares e das próprias equipes. A palavra “responsabilidade”, dividida em duas, contém “respons”, do verbo “responder”, e “abilidade”. Uma pessoa com responsabilidade, portanto, é alguém com habilidade em dar uma resposta, alguém com obrigação de resolver algo. Ou seja, ser responsável é fazer o que é preciso por iniciativa própria, com autonomia.

Ao longo da história, foram construídos papéis na sociedade. “Sócio-historicamente, nem todas as pessoas foram estimuladas para que se sentissem com os mesmos direitos, obrigações, e as mesmas capacidades. Com relação aos gestores, o modelo praticado é de comando e controle. Dentro das empresas, a noção de que existem pessoas que são mais capazes que outras, é reiterada. Este cenário, entretanto, precisa mudar. As demandas do mercado de trabalho precisam acompanhar os avanços em relação à equidade”.

Martinelli explica que tanto as empresas quanto os profissionais, precisam rever as expectativas diante desse paradigma. “Desenvolver a atitude protagonista dos colaboradores é fundamental para construirmos relações mais saudáveis, promovermos o respeito mútuo e contribuirmos para ambientes com poder horizontalizado. Essa não é uma tarefa fácil, já que lutamos com um modelo repetido há, pelo menos, 100 anos dentro das empresas”, afirma.

A Duomo Aprendizagem Corporativa realizou uma pesquisa sobre protagonismo para avaliar a evolução desse quesito nas companhias. 59% de todos os respondentes afirmaram que eram plenamente protagonistas no primeiro questionamento. Entretanto, em seguida, quando questionados como reagiam se precisassem lidar com um problema operacional, 69% dessas mesmas pessoas que se julgam protagonistas, afirmaram que a primeira atitude ao identificar um problema é procurar pelo gestor.

“Existe uma incoerência entre uma postura protagonista, que tentaria resolver o problema por conta própria e a de chamar o gestor. Claramente a percepção que essas pessoas têm delas mesmas está equivocada”, pontua Martinelli. No mesmo estudo foi questionado se os profissionais se sentiam seguros emocionalmente e preparados a nível técnico para tomar decisões com autonomia em relação à própria função. Cerca de 71% dos entrevistados responderam que não se sentiam encorajados para tomar decisões por conta própria.

“Desenvolver lideranças humanizadas, preparadas para tomar decisões em conjunto, deve ser uma preocupação das empresas, mas não a única. Os gestores precisam mudar, mas o colaborador também precisa compreender que a própria postura faz parte desta transformação. Cada função tem uma responsabilidade diferente e todos deveriam ser igualmente responsáveis por entregar os resultados que a empresa espera”, aponta Martinelli. Em breve, o especialista em aprendizagem corporativa lançará o livro “Práticas da Liderança Contemporânea: Mindset e Gestão”, que aprofunda a discussão e aborda como promover o desenvolvimento de líderes de forma efetiva.

Martinelli é diretor executivo da Duomo Aprendizagem Corporativa e consultor com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de líderes em renomadas empresas. Gestor de pessoas desde os 23 anos, é reconhecido por ser “cirúrgico” em seus diagnósticos e pela sua fala assertiva e estratégica. Com diversas especializações na área da Psicologia Social, é coautor do livro Team & Leader Coaching, possui Certificado no Global Leadership for the 21st Century Program, pela Universidade de Saybrook (Seattle).

 
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