03/04/2023 às 09h40min - Atualizada em 05/04/2023 às 00h01min

Autismo: inclusão adequada é o principal desafio

Data de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), celebrada no dia 2 de abril, é uma oportunidade para refletir sobre a inserção dos autistas nas escolas e nos espaços de saúde

SALA DA NOTÍCIA Kasane Comunicação Corporativa
Imagem ilustrativa (divulgação)
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) compreende um conjunto de transtornos que interferem no desenvolvimento infantil, com causas genéticas, hereditárias e biológicas e com características prevalentes em dois domínios: dificuldades na interação e comunicação social e os padrões comportamentais restritos e repetitivos. Estima-se que, no Brasil, existam 2 milhões de pessoas autistas, mas, apesar da alta incidência, a condição ainda gera dúvidas. Por essa razão, o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, celebrado no dia 2 de abril – data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) – é uma oportunidade para se discutir os caminhos tomados pela sociedade no sentido de se adequar à inclusão das pessoas no espectro, em seus direitos à educação e à saúde.

Com base nesta perspectiva é que o orientador educacional do Colégio Integrado, de Goiânia (GO), Welton Paulo Siqueira destaca a importância de a instituição escolar estar sensível para a determinação do apoio que deverá ser concedido ao estudante neurodivergente. “Os alunos precisam ser acompanhados de perto para que a equipe pedagógica possa identificar e entender qual é a necessidade de auxílio que eles necessitam, independentemente do grau de suporte determinado pelo diagnóstico de TEA. Somente assim conseguimos adaptar as atividades, de forma que esses alunos sejam incluídos dentro do contexto da sala de aula, nas atividades regulares”, pontua o educador, que junto a uma equipe multiprofissional do Integrado, orienta a formação de 17 crianças e adolescentes com TEA.

Esse olhar cuidadoso da escola para com seus estudantes é uma das preocupações da advogada Tatiana Takeda, mãe do Theo Luiz Takeda, de 11 anos, que é uma criança autista. “A busca por inclusão escolar é a meta que todas as instituições de ensino devem ter. A legislação é clara e, a partir do momento que a escola recebe a concessão pública que lhe autoriza a funcionar, ela também deve observar e cumprir o que rege o sistema educacional brasileiro que se pauta nas considerações da Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU, que prima pelo respeito às individualidades de cada estudante”, destaca. Para ela, não há uma “receita de bolo” para a escola se adaptar, apenas é preciso entender que cada aluno tem sua singularidade.

Tatiana conta que o filho, Theo Luiz, atualmente cursa o 6º ano do Ensino Fundamental e recebe o suporte necessário para o seu desenvolvimento. Contudo, ela avalia que ainda há muitas barreiras a serem transpostas. “Dentre essas barreiras, destaco a discriminação, o bullying e o capacitismo. Nós temos que enfrentá-las para que nossos autistas, que são pessoas com deficiência para todos os fins legais, possam concorrer com as demais, com isonomia nas oportunidades. A partir do momento que você retira as barreiras atitudinais impostas pela sociedade e oferece as ferramentas de inclusão, você proporciona condições de inserção e participação, seja na escola, na saúde, no mercado trabalho, no esporte, no lazer e em tantos outros locais”, propõe.

Nesse sentido, Welton Paulo Siqueira avalia que informação e conhecimento podem mudar o cenário que é hoje desenhado. De acordo com o orientador educacional, a luta por essa inclusão trouxe o acesso mais facilitado ao diagnóstico do TEA, mas não deve parar neste ponto. “Nós não precisamos esperar ter um autista em nossa família ou dentre amigos próximos, para irmos em busca do conhecimento. Nós, pessoas neurotípicas, precisamos entender o que é o autismo, respeitar essas pessoas e ir à luta junto com essas famílias, junto com essas crianças, jovens e adultos neurodivergentes, para que eles tenham uma vida melhor, de melhor qualidade”, reforça.

Inclusão na saúde

Assim como a educação, a saúde também é um direito da pessoa com deficiência e o autista está nesse rol, para todos os efeitos legais, segundo a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, instituída pela Lei 12.764/2012. Portanto, para que a pessoa com TEA tenha uma oferta de saúde adequada, é preciso observar alguns requisitos e o principal deles é a capacitação daqueles que prestam esses serviços. Foi em busca dessa inclusão, que a odontóloga Márcia Luz adequou toda a sua clínica.

“Para o atendimento do paciente com TEA é necessário um ambiente confortável, que transmita tranquilidade, então apenas uma sessão talvez não seja suficiente para um condicionamento adequado, pois é preciso que seja criado um vínculo de confiança entre o profissional e o paciente, bem como com a família”, explica. Ela esclarece que existem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas para o sucesso do atendimento, como o controle de voz e uso de recompensas e distrações.

Segundo Márcia, o acolhimento é feito conforme as necessidades do paciente. Quem possui o TEA costuma ser resistente a mudanças, por isso é preciso manter constância em relação à equipe profissional, horário das consultas, consultório em que o paciente é atendido, disposição do mobiliário dentre outros. “Pacientes neurodivergentes possuem sensibilidade extrema aos estímulos externos, como barulhos diferentes, sons fortes e comportamentos inesperados. Por isso, muitas vezes, o tratamento odontológico pode exigir várias sessões de condicionamento e, em casos mais graves, atendimento sob sedação em ambiente hospitalar. Este grau de suporte será definido conforme o planejamento do tratamento”, afirma.

Link
Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp