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02/06/2021 às 11h15min - Atualizada em 02/06/2021 às 12h20min

Qual será a sua profissão daqui a alguns anos?

O mundo está ficando bem mais complexo. A transformação digital ocorre em aceleração exponencial. Por necessidade, são tempos em que dependemos de outros.

SALA DA NOTÍCIA Colaboração: Marco Juarez Reichert

Profissões vão e vêm ao longo dos anos. Não é de hoje que existe uma demanda variável no mercado, de acordo com a época. Muitos fatores provocam tais mudanças. Devemos entendê-las e apontar nosso periscópio para o futuro, para avaliar nossas chances de êxito no mercado de trabalho. Para recordar de profissões desaparecidas, você sabe o que fazia um tipógrafo nas redações de jornais? Conhece algum telegrafista ativo? Que tal um mecânico especialista em regular carburadores de automóveis? Incontáveis profissões desapareceram e outras tantas surgiram no decorrer da história, principalmente nos dois últimos séculos e meio, a partir da Primeira Revolução Industrial. Foi quando as indústrias têxteis e de mineração, dentre outras, iniciaram uma mecanização, graças à máquina à vapor. O mercado era fértil para novas profissões que atendessem às demandas dessas fábricas.

Cerca de um século depois veio a Segunda Revolução Industrial, surgindo uma pujante indústria de petróleo, de energia elétrica, do aço e da química. Veio o Fordismo. As novas linhas de montagem em série tomaram conta do setor industrial. Mais uma vez, muitas novas profissões surgiram. Na segunda metade do século passado outra grande revolução industrial: a Terceira. Robôs na indústria automobilística, computadores pessoais, internet, e outros avanços tecnológicos trouxeram um mar de oportunidades para quem quisesse uma profissão diferente das existentes até então. Programador de computador, técnico em manutenção dessas máquinas, especialista em criação de sites de internet surgiram como novas profissões.

Estamos no início de uma nova era, a da Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 – que são sistemas físico-cibernéticos –. É um momento de transformação do mundo tão intensa e impactante, que chega a rivalizar com filmes de ficção científica. Marcam essa nova era: a robótica nas indústrias, a inteligência artificial, o bigdata, a internet das coisas, a impressão em 3D, a learning machine (máquina que aprende) a nanotecnologia, a blockchain, a conectividade, a computação quântica ...

O mundo está ficando bem mais complexo. A transformação digital ocorre em aceleração exponencial. Por necessidade, são tempos em que dependemos de outros. O conhecimento tem ramificações tais, que ninguém, nem mesmo uma empresa sozinha, pode dispensar de relacionamentos colaborativos com terceiros, inclusive com concorrentes. Individualmente, ficamos limitados. A era da colaboração é bem- vinda. Há pouco mais de vinte anos, visitei um grande laboratório de pesquisas da Fiat, na cidade de Turim – Itália. Eram oitocentos pesquisadores de alto nível. Trabalhavam para a Fiat, obviamente, mas também prestavam serviços, em suas melhores áreas do conhecimento, para outras indústrias de automóveis, inclusive às concorrentes americanas. É preciso quebrar paradigmas e adotar a colaboração como fator imperativo para o sucesso – ferramenta de análise estratégica – o que inclui parcerias que agregam valor ao seu métier.

Se sua profissão é relativa a um trabalho manual e rotineiro, prepare-se para mudar de profissão. Muitas delas vão deixar de existir. Outras novas vão surgir. A área de jogos (games) cresce a cada dia e é ávida por bons profissionais. Surgem cursos superiores neste campo de conhecimento, que geram novas oportunidades. Quem diria que fazer uma graduação em jogos faria algum sentido, há poucos anos?

Ressalte-se que o desemprego causado pelas novas tecnologias, vai ser cada vez maior e é por isso que temos que nos preparar. Sair da zona de conforto e aprender novas ciências, é mandatório para a empregabilidade. Profissões que lidam mais com relações cognitivas, tendem a continuar. Se for um jovem, estimo que exercerá várias profissões pela frente. A capacitação deve ser uma constante em nossas vidas, mais ainda agora.

 

Enfermeiros, cuidadores de idosos, produtor de alimentos naturais, especialistas em reciclagem, engenheiros de fontes renováveis, climatologistas, técnicos ambientalistas, especialistas em cyber segurança e criptografia, engenharia de trânsito urbano, bem como inúmeras outras profissões. podem estar dentre aquelas que apresentam uma expectativa de longevidade. Esses profissionais deverão lidar com dados, com inteligência artificial, com internet das coisas, robótica, se quiserem se manter ativos. Conhecimento sistêmico e não apenas da sua especialidade, vão ajudar bastante. A bem da verdade, a maioria das atuais profissões precisarão se atualizar constantemente e estar, permanentemente, conectados com as novas tecnologias. Muitas vezes não basta ser um bom usuário, é preciso ir mais a fundo no conhecimento de outras áreas de apoio à ocupação que exerce. Outros ofícios, ainda não criados, vão aparecer, gerando oportunidades para que tiver capacitação. Sabe-se lá o que o mercado vai demandar daqui a dez, vinte ou trinta anos. É algo muito difícil de se dizer, com razoável dose de acerto. Fico a imaginar que podem se dar bem aqueles especialistas em redes e programação de computação quântica, que possuam outras áreas de conhecimento em paralelo. Conhecimento sistêmico e não apenas da sua especialidade, vão ajudar bastante; aquelas profissões relativas ao espaço (viagens tripuladas, lançamentos de naves ...) vão aumentar a demanda por profissionais qualificados. Os gestores com conhecimento mais holístico dentro das suas empresas, se destacarão dos demais.

Advogados com experiência em partilhas de criptomoedas, engenheiros de holo conferência são exemplos promissores de trabalho, se supõe. Certamente, haverá demanda por generalistas, pessoas com formações em áreas humanas e técnicas, simultaneamente. Um médico que estude Física ou Matemática, ou Engenharia Eletrônica poderá ter mais empregabilidade do que aqueles sem este conhecimento de outras áreas. Os especialistas, que tantas vezes falamos neste artigo, correm o risco de serem colhidos por inovações disruptivas e não saberem fazer nada mais. Logo farão coro ao rol de desempregados. Vale a recomendação para cada estudante ou profissional para que proponha uma discussão em grupos sobre o que vislumbram com aquelas áreas que lhes atraem hoje. Será que elas tendem a ser longevas? Quais os requisitos futuros que o mercado desejará para empregar? Anotar os pontos a favor e os desfavoráveis podem ajudar a tomar suas decisões sobre o que fazer logo mais.

E quais seriam aquelas profissões em vias de serem extintas ou com muito menos empregabilidade do que hoje? As que mais devem sofrer com o avanço das tecnologias são aquelas de tarefas repetitivas e força bruta. O agronegócio, a construção civil e o sistema bancário não serão os mesmos empregadores de outrora, pois mecanizaram e investiram em automação, incluindo novos recursos de inovação em suas atividades. Aliás, de um modo geral já empregam bem menos do que antes, proporcionalmente. Trabalhadores de fábricas de produção em série formam outro grupo que vai enfrentar um desemprego cada vez maior. Cobradores de ônibus, abastecedores de postos de gasolina, recepcionistas, funcionários de check in em aeroportos, advogados de multas de trânsito, radiologistas que só fazem análise de imagens, professores nos modos atuais, caixas de bancos e tantas outras mais, não parecem ter futuro. A tecnologia já está mudando ou acabando com essas profissões.

É duro estimar este problema social, mas voltemos nossas atenções à História recente, a partir dos anos 80. Que não for tão jovem deve lembrar das imensas filas nos bancos. O atendimento aos clientes era precário. A informática, com sistemas cada vez melhores e os equipamentos (hardware) com melhoria contínua, fizeram com que este setor passasse a automatizar seus processos e ganharem muito mais produtividade e eficácia. As agências bancárias atuais têm bem menos funcionários do que há trinta anos. Os bancos têm se orientado para o mundo digital. Bancos sem agências passaram a conquistar marketshare (participação de mercado) de forma crescente. E o que será das universidades? Muitas são conservadoras, não admitem os cursos EAD, não desistem de cursos que são deficitários e até mesmo desnecessários (baixa procura) e não inovam. Aquelas que não se reinventarem, infelizmente, vão ser inviabilizadas e deixarão de existir.
 

Os governos terão pela frente um cenário muito hostil para acalmar seus povos. O desemprego massivo, menos devido às crises econômicas e mais devido às novas tecnologias, muitas delas disruptivas, vão empregar cada vez menos gente. O que fazer com dezenas de milhões de desempregados em nosso país? Que fique claro que este problema é global. Falam em uma renda universal, mas como isto seria viável? É um desafio intelectual e tanto para quem queira vislumbrar saídas. Eu apostaria que a própria tecnologia, que ainda não aterrissou, e que talvez nem mesmo tenha sido criada, possa reverter esta expectativa. Fato é que não se pode ficar sentado de braços cruzados. É preciso ação imediata, para se diferenciar da maioria dos concorrentes dentro da mesma profissão.
 

* Marco Juarez Reichert

Bacharel em Administração de Empresas, MBA em Finanças e Governança

Corporativa e Pós MBA em Inteligência Empresarial.

Escritor, palestrante, consultor empresarial e conselheiro de administração.

 


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