21/03/2022 às 16h57min - Atualizada em 30/03/2022 às 00h00min

Governo de São Paulo brinca com a segurança (e a vida) de ferroviários e passageiros

*Por José Claudinei Messias, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana

SALA DA NOTÍCIA Fernanda de Souza Martins
Os recentes incidentes e acidentes ocorridos nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda – antes administradas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e operadas desde o fim de janeiro pelo consórcio ViaMobilidade – preocupam, e muito, não apenas os ferroviários, mas também os usuários dos trens em São Paulo.
Desde sempre, questionamos o processo de concessão das linhas. Logo após o anúncio do edital, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, que representa os funcionários das linhas 08 e 09 da ViaMobilidade e da linha 13 da CPTM no município de Guarulhos, além dos funcionários da CPTM que ainda prestam serviço nas linhas 08 e 09 da ViaMobilidade, questionou os moldes do processo, alertando que não era possível aprender o ofício nas ferrovias em tão pouco tempo, como estava programado no contrato para a transição da CPTM para uma empresa privada.
Alertamos que os sistemas dos trens de ferrovias e dos trens metropolitanos (o Metrô: a ViaMobilidade comanda as linhas 4-Amarela e 5-Lilás) são diferentes. Isso significa que os funcionários que executavam o serviço em um sistema não estariam, necessariamente, aptos a fazê-lo em outro.
Evidentemente, os alertas do sindicato não foram levados em consideração. O governo do Estado de São Paulo seguiu com o processo sem alterações e o consórcio liderado pela CCR venceu a concorrência. Com isso, em janeiro deste ano, a ViaMobilidade passou a ser responsável pela operação das duas linhas até então a cargo da CPTM e que transportam mais de 1 milhão de pessoas por dia.
Com a mudança, vieram os problemas previstos, mas a recorrência e a gravidade têm sido muito piores. O treinamento de apenas quatro meses obviamente não foi suficiente para os operadores entenderem os mecanismos dos trens e operá-los sozinhos, o que pode colocar a vida da população paulista em permanente risco.
É preciso muito cuidado na operação dos trens de passageiros. Não observamos essa atenção em nenhum momento do processo de concessão das linhas. Em detrimento do cuidado com as pessoas, o governo paulista passou à iniciativa privada suas mais importantes linhas férreas visando apenas o lucro financeiro.
Até os trens repassados não são os que circulavam nas linhas 08 e 09 e, sim, trens mais antigos e com problemas na revisão dos rodeiros, por exemplo.
Enquanto isso, ficam para a história a morte de um humilde trabalhador e um acidente que poderia ter consequências catastróficas. A pergunta permanece no ar: nada será feito?
Estamos em contato com o Ministério Público para cobrar do governo paulista providências concretas para que não aconteça mais nenhum acidente ou incidente. Não podemos aceitar a irresponsabilidade na gestão das linhas férreas.
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