Vivemos em um mundo onde as pessoas falam demais e escutam de menos. Todo mundo tem uma opinião sobre tudo, até sobre sentimentos que não são seus. Se você diz que está cansado, sempre aparece alguém para dizer que conhece alguém mais cansado. Se você está triste, dizem que tem gente em situação pior. Se algo te machuca, falam que é exagero. Mas o que poucos entendem é que ninguém, absolutamente ninguém, sente as coisas da mesma forma.
Cada pessoa tem sua história, suas marcas, suas dores escondidas. E é fácil julgar quando se olha de fora, sem carregar o peso do outro. Só quem sente na pele sabe o tamanho da dor. Só quem vive na própria mente entende o que está passando.
Quantas vezes você já se sentiu culpado por estar esgotado? Por não conseguir explicar o que sente? Por ter que esconder suas emoções porque as pessoas simplesmente não entendem? Esse cansaço que não se resolve com uma boa noite de sono, essa angústia que não passa só porque alguém mandou você “pensar positivo”. Porque tem dores que não são visíveis, mas são reais.
A dor que não se vê
O maior erro das pessoas é achar que só aquilo que pode ser visto é legítimo. Se alguém quebra um braço, ninguém questiona a dor. Mas se alguém diz que está emocionalmente esgotado, vem logo um “isso é falta do que fazer” ou “é só parar de pensar nisso”. Como se fosse simples desligar a mente, como se fosse fácil ignorar o que machuca por dentro.
A dor emocional não tem atestado médico. Não tem faixa, gesso ou cicatriz aparente. Mas, às vezes, dói mais do que qualquer ferida física. Dói quando você se sente sozinho no meio da multidão. Dói quando você percebe que ninguém realmente entende o que se passa dentro de você. Dói quando você tenta explicar e as pessoas minimizam, como se seus sentimentos fossem um capricho, e não algo real.
E o pior é que, quando isso acontece muitas vezes, você começa a duvidar de si mesmo. “Será que estou exagerando?” “Será que eu deveria estar lidando melhor com isso?” “Será que meu cansaço é preguiça?” Mas não, não é exagero. Não é drama. E muito menos fraqueza.
O peso de ser forte o tempo todo
Vivemos em um mundo que cobra força o tempo todo. “Engole o choro.” “Segue em frente.” “Seja forte.” Mas ninguém ensina a lidar com as dores que ficam por dentro.
O problema é que ser forte o tempo todo cansa. Cansa fingir que está tudo bem. Cansa sorrir quando por dentro tudo parece desmoronar. Cansa carregar um peso que ninguém mais vê. E ninguém tem o direito de julgar o seu cansaço.
Tem dias em que tudo o que a gente precisa é de um pouco de silêncio, um pouco de paz, um abraço sem perguntas. Mas, em vez disso, recebemos cobranças. “Por que você está assim?” “Nossa, você anda tão diferente.” “Você precisa reagir.” Como se fosse uma escolha. Como se fosse simples.
O direito de sentir
A verdade é que ninguém deveria precisar pedir permissão para sentir. Você tem o direito de estar cansado. Tem o direito de se sentir sobrecarregado. Tem o direito de ter dias ruins sem precisar se justificar.
Se o seu coração está pesado, você não precisa fingir que está leve. Se a vida parece demais para você em certos momentos, isso não significa que você seja fraco. Significa apenas que você é humano. E ser humano é sentir, é ter momentos bons e ruins, é não estar sempre no controle.
A importância da empatia
Se ninguém sente as coisas da mesma maneira, então o mínimo que podemos fazer é respeitar a dor dos outros. Não precisamos entender completamente para oferecer apoio. Podemos simplesmente ouvir sem julgar, acolher sem minimizar.
Empatia não é dar conselhos prontos. Não é dizer “eu sei como você se sente”, porque ninguém sabe exatamente como o outro se sente. Empatia é estar presente, é oferecer um espaço seguro onde a pessoa pode simplesmente existir, sem precisar se defender ou se justificar.
Às vezes, tudo o que alguém precisa para seguir em frente é de um pouco de compreensão. De alguém que diga: “Eu não sei exatamente o que você está passando, mas estou aqui para o que precisar.” E isso, por si só, já faz toda a diferença.
Você não está sozinho
Se hoje você sente que ninguém te entende, que ninguém reconhece sua dor, lembre-se: você não está sozinho. Existem pessoas que se importam, mesmo que não saibam como demonstrar. Existem momentos ruins, mas eles passam. Existem dias difíceis, mas você já sobreviveu a muitos deles.
Você não precisa provar nada para ninguém. Não precisa justificar o que sente. Não precisa carregar esse peso sozinho. Sua dor é sua, mas você não precisa enfrentá-la sem apoio.
E quando alguém tentar minimizar o que você sente, lembre-se: ninguém sente sua dor como você. Ninguém vive sua vida no seu lugar. E isso significa que ninguém tem o direito de dizer como você deveria se sentir.
Então, sinta. Seja verdadeiro consigo mesmo. E nunca deixe que a falta de compreensão dos outros diminua o que você vive dentro de si.
Este texto foi escrito pelo jornalista André Luiz Santiago Eleutério.