A Mediocridade é Irremediável — Mas Você Não Precisa Ser

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Há muito tempo li uma frase que grudou na minha memória: “Existem duas coisas irremediáveis na vida — a morte e a mediocridade humana.” E, pensando bem, talvez com o advento da clonagem e das novas tecnologias, só reste mesmo a mediocridade. Porque a morte, pelo jeito, a ciência vai acabar resolvendo. Mas a mediocridade? Essa parece estar se reproduzindo em ritmo exponencial.

A Mediocridade Como Epidemia

A mediocridade não é só incompetência técnica — é um estado de espírito, uma escolha existencial. É o sujeito que aceita o “mais ou menos”, que se contenta com o “quebra o galho”, que vive no “tanto faz” eterno. Mais grave ainda: é quem faz questão de arrastar os outros para o mesmo patamar de mediocridade, porque ver alguém se destacar incomoda sua zona de conforto.

E a ignorância? Essa é a forma mais pura de mediocridade. Não falo da ignorância inocente — falo da burrice militante, daquela que se orgulha de não saber, que vira as costas para o conhecimento e ainda zomba de quem estuda. É a estupidez que se veste de “simplicidade”, a preguiça mental que se disfarça de “autenticidade”.

O Mau-Caratismo Travestido de Oportunidade

Vivemos tempos em que o mau-caráter virou “estratégica”, a safadeza virou “jogo de cintura” e a falta de princípios virou “flexibilidade”. O sujeito mente, trapaceia, pisa nos outros — mas, olha só, ele “faz acontecer”! Ganhou um certo dinheiro, subiu um pouquinho de cargo.

Resultado? Uma geração inteira que aprendeu a negociar a alma em prestações. “Ah, mas ele é competente!” — dizem, como se competência sem caráter não fosse apenas mediocridade turbinada. É o mesmo que elogiar um ladrão porque ele é bom de pontaria: a habilidade existe, mas o propósito é podre.

A Revolução do CHACP: Propósito no Comando

Chegou a hora de evoluir. Esqueça aquela velha fórmula do CHA (Conhecimento, Habilidades, Atitudes). Isso é coisa de RH dos anos 90 (aliás, se ainda existe “RH” é algo que você já sabe que é ultrapassado e não valoriza as pessoas – afinal, impressora é recurso, profissionais são pessoas e não recursos). Hoje, se você não quer se cercar de medíocres precisa aplicar o CHACP — e de trás para frente:

1. Propósito

Antes de qualquer coisa, pergunte: para que essa pessoa existe? O que a move de verdade? Quem vive sem propósito não serve e talvez quem tenha propósitos diferente do seu não faça sentido.

2. Caráter

Competência sem caráter é dinamite na mão de criança. Prefira o incompetente honesto ao competente canalha — o primeiro você ensina, o segundo você nunca consegue confiar, e nossos ancestrais já ensinaram que não adianta ser o melhor “acendedor” de fogo, se o “bando” não confiava, não ficava.

3. Atitudes

As atitudes revelam quem a pessoa é quando ninguém está olhando. Observe como ela trata o garçom, o porteiro, o estagiário. Aí você descobre se está lidando com gente ou com disfarce de gente.

4. Habilidades

Habilidades são importantes, mas são apenas ferramentas, é como você é hábil com elas, como você é hábil com o kit de ferramentas (soft and hard skills) e inclusive como mesclá-las não sendo bom em apenas uma ferramenta.

5. Competências

Competência técnica? Isso qualquer curso online e um pouco de prática ensina, basta o mínimo de dedicação. O que não se ensina é integridade, decência, propósito de vida. Competência sem os outros elementos não serve para nada, pelo contrário, fica ainda pior, afinal pior do que alguém que não tem competência é quem tem somente um pouco de competência.

Tolerância Zero: A Guerra Contra a Mediocridade

Aqui vai o recado mais importante: pare de tolerar medíocres e mau-caráter. Não importa se são família, amigos ou colegas de trabalho ou de estudos. Mediocridade é contagiosa, e mau-caratismo é venenoso.

No trabalho, não aceite o “sempre foi assim”, o “todo mundo faz assim”, “funcionava assim”, o “não é problema meu”. Essas frases são o hino nacional da mediocridade. Se você não pode mudar o ambiente, mude de ambiente.

Na vida pessoal, seja ainda mais rigoroso. Amizade com medíocre é perda de tempo — e tempo é o único recurso que não tem reposição, inclusive para cuidar do bem precioso chamado saúde.

O Preço da Excelência

Sim, vai ser solitário. Sim, vai ser difícil. Excelência não é popular, integridade menos ainda e propósito não paga contas no final do mês. Mas sabe qual é a alternativa? Viver cercado de gente que puxa para baixo, que contamina seus sonhos com a mediocridade deles, que te convence de que “é assim mesmo”.

A mediocridade pode ser irremediável como fenômeno humano — mas você, individualmente, pode escolher não fazer parte dessa estatística. Pode exigir mais de si mesmo e dos outros. Pode ser chato, exigente, radical e “difícil de lidar”.

Pois bem, a mediocridade vai continuar se reproduzindo. E alguns ao ler até aqui terão a mediocridade em forma de hipocrisia, vão negar que se viram nesse texto, outros ficarão orgulhosos por se identificarem verdadeiramente, porém todos, com propósito e caráter, poderão decidir.

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