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31/01/2023 às 12h21min - Atualizada em 05/02/2023 às 00h02min

Quatro tendências dominarão o mercado de venture capital na construção civil e mercado imobiliário em 2023

Especialista da Terracotta Ventures, maior gestora de capital do setor na América Latina, apresenta teses promissoras para investidores ficarem de olho neste ano

SALA DA NOTÍCIA Luan Martendal
terracotta.ventures
Divulgação Terracotta Ventures

O crescimento de 13,8% no número de construtechs e proptechs, que contempla empresas de tecnologia dedicadas à construção civil e o segmento imobiliário, no último ano, apontam para uma consolidação da massa crítica de startups do setor no Brasil — hoje, composto por quase mil negócios ativos. Com o mercado em expansão e mais maduro, quando se trata de investimentos o desafio para os fundos de venture capital passa a ser garimpar as melhores soluções e oportunidades para investir capital em startups capazes de gerar um impacto real sobre a indústria da construção e o mercado imobiliário nacional. 

Para o investidor, o ponto chave é: como encontrar essas propostas dentro de um setor bastante conservador e ainda carente de inovação, mas que ao mesmo tempo é muito competitivo, detém um dos principais ativos financeiros no mundo, e conta com centenas de negócios similares surgindo ano após ano?

Bruno Loreto, managing partner da Terracotta Ventures, maior empresa de venture capital focada em investimentos em negócios digitais no mercado imobiliário da América Latina, indica que alguns fatores dão pistas de como aproveitar os melhores ‘deals’ (acordos), especialmente no segmento de startups early stage (estágio inicial).

“Procuramos investir e conectar nossos parceiros a empresas que já tenham estabelecido seu ‘product market fit’, que tenham cerca de dois anos de mercado, que já tenham faturamento mensal superior a R$ 100 mil e uma boa base de clientes. E, claro, mantenham um produto que solucione a real necessidade do mercado para o qual a solução foi criada”.

Conforme o especialista, hoje o mercado está exigindo das startups early stage mais elementos de validação e tração antes de fechar negócio. “Estão cada vez mais escassas aquelas rodadas de investimento em que bastava o empreendedor apresentar sua ideia em um PPT (powerpoint) para levantar alguns milhões para o seu negócio. O mercado está mais conservador e os valores dos aportes também estão mais racionais”, aponta.

O setor de construtechs e proptechs tem movimento cíclico, com momentos de baixa e outros de alta, sendo importante uma atenção dos investidores ao momento atual da economia e do setor como um todo para direcioná-los quanto às tendências de negócio mais promissoras no curto, médio e longo prazo. Com base no cenário atual, Bruno Loreto aponta quais são as tendências que devem estar em alta nas startups construtechs e proptechs em 2023 e que os investidores devem ficar de olho:

  1. Startups com soluções voltadas para a redução de custos: num cenário de instabilidade econômica as soluções tecnológicas capazes de gerar redução de custos se fortalecem no mercado. Hoje temos observado uma nova onda de startups olhando para a redução de custos e outras melhorias no ambiente do canteiro de obras, que na Europa e nos Estados Unidos é uma das categorias que mais tem movimentado recursos, e, no Brasil ainda é um movimento tímido e que deve ganhar espaço pelo contexto inflacionário e necessidade de reduzir gastos nas obras. Os custos com materiais de construção tiveram recentemente um aumento significativo e qualquer solução que represente economia nas construções será bem-vinda.
     
  2. Startups com soluções de otimização comercial e de vendas: neste ano vimos no mercado de incorporação, por exemplo, uma retração no volume de novos lançamentos imobiliários e de receita. Isso floresce dores que antes o mercado não estava tão atento: volta-se a se falar de aumento na possibilidade de distrato (do contrato) e de desafios de otimizar os processos de venda. Apesar da proliferação de uma série de startups com modelos de intermediação digitalizada, essa onda tecnológica ainda não resolveu muitos dos problemas na área de vendas, o que faz com que exista ainda muita fricção na jornada de compra/venda de um imóvel. Por isso, startups com soluções focadas na frente comercial ganham destaque.
     
  3. Startups com soluções financeiras para o setor imobiliário: chamadas de “real estate fintechs”, as empresas de tecnologia que atuam nesse nicho de mercado permanecem em alta, especialmente diante de um cenário de maior restrição de crédito. Ter uma boa tese de negócio que alie os setores financeiros e imobiliários é um diferencial, porque são setores que lidam com muito capital e ainda existe pouca eficiência quando conectados. Hoje, 25% das startups têm potencial para ter elementos voltados à área de fintech e, nos negócios financeiros, no médio e longo prazo as operações de crédito deverão ser avaliadas conforme o perfil único de cada indivíduo e não de forma generalizada, quando o cidadão é classificado em grupos genéricos de score de risco. Startups com soluções que ajudam o público que hoje não é aprovado no financiamento imobiliário tradicional, mas que consegue manter um score de crédito diferenciado — e ter uma oportunidade de financiamento —, têm um vasto campo a ser explorado. Devemos observar movimentos interessantes de novos segmentos dentro do setor nessa ascensão das RE Fintechs, como o mercado de loteamentos, que têm uma carência histórica de crédito disponível, além do segmento econômico, sensível ao contexto de taxa de juros. Este nicho traz os desafios de lidar com maior número de clientes, ao mesmo tempo que as transações possuem ticket de venda menores, demandando mais tecnologia e método embarcado no processo, traduzindo-se em oportunidades para os investidores neste contexto.
     
  4. Startups com soluções voltadas ao ESG: os negócios que impactam positivamente na questão climática, sociais e de governança corporativa estão em alta, porque as atividades relacionadas à construção civil representam cerca de 40% do total de emissões de carbono no mundo. Isso coloca o mercado imobiliário no centro da discussão de estratégias que reduzam os impactos ambientais. No mercado internacional os investimentos nessa área estão fortalecidos e, no Brasil, estamos começando a dar mais atenção para o assunto. As empresas estão mais dispostas a aderir a soluções e práticas de ESG, seja por pressão dos investidores do mercado imobiliário por empreendimentos verdes, seja através de uma busca mais proativa de soluções sustentáveis dos próprios empresários do setor.

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