17/02/2023 às 13h46min - Atualizada em 21/02/2023 às 00h01min

Inclusão digital na educação é tema de encontro na G-Stic

Diretor de país do ChildFund Brasil apresenta projetos para promover inclusão digital em territórios de vulnerabilidade

SALA DA NOTÍCIA Jéssica Amaral - DePropósito Comunicação
www.depropositocomunica.com
Divulgação

A conectividade e o uso da tecnologia para melhorar as oportunidades de aprendizado e a necessidade de repensar os sistemas educacionais à luz dos avanços da tecnologia foi um dos painéis abordados na 6a. Conferência Global de Tecnologia Sustentável e Inovação (G-Stic), que aconteceu no último dia 14 de fevereiro, na ExpoMag, no Rio de Janeiro (RJ). 

Para discutir sobre como a pandemia de Covid-19 trouxe à tona a necessidade da conectividade no Brasil, incluindo a disponibilidade de dispositivos para alunos e professores na maioria das escolas públicas, em territórios vulneráveis, inclusive em comunidades quilombolas e indígenas, como forma de incluir a educação, Maurício Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil, destacou graves índices do Brasil na área de educação. No Pisa 2018, o Brasil ficou entre os 20 piores países no ranking internacional da educação. Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 2019, 15,5% da população brasileira não sabia ler e escrever. A pandemia provocou um grande impacto na educação e, em 2021, este número saltou para 33,8% da população. No mesmo ano, o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) ressaltou o regresso de 20 anos do país em relação à universalização da educação.

“O ChildFund Brasil atua em contextos de grande privação, exclusão e vulnerabilidade. Impactamos mais de 113 mil pessoas, comunidades onde nem o Estado chega. Junto a essas crianças e adolescentes, aplicamos uma metodologia de pesquisa a fim de analisar o grau de aprendizado em português e matemática. Aplicamos em 1.253 crianças participantes do nosso programa em 56 municípios e seis estados e chegamos a uma conclusão muito preocupante. Em 2019, tínhamos um letramento, que se refere às crianças capazes de interpretar adequadamente um texto com o mínimo de complexidade para sua idade, de 69%. Em 2021, o número já tinha caído para 50%. Apenas 30% das crianças faziam contas básicas de matemática em 2019 e isso caiu para 13% em 2021”, afirma. 

 A organização atua há 56 anos no Brasil, obedecendo à estratégia do ChildFund Internacional, que almeja alcançar 100 milhões de crianças e suas famílias, expandindo métodos de entrega de programas sociais e melhorando as capacidades digitais internas. Porém, Maurício apontou que é muito difícil falar em inclusão digital e levar educação de qualidade em um contexto de pouco acesso à internet. Ele salientou ainda os perigos corridos por crianças e adolescentes: “Uma das nossas bandeiras é o enfrentamento à violência sexual, ao abuso e exploração sexual on-line de crianças e adolescentes. A pandemia tornou esse problema exponencial, são milhões de imagens de crianças e adolescentes sendo violentadas na internet. É um crime gravíssimo, há muito conteúdo autogerado. Temos feito esse debate e a prevenção ao abuso cibernético”, alerta Cunha.

Soluções inovadoras

Uma das soluções criadas pelo ChildFund Brasil para promover a inclusão digital é o The Ends, uma plataforma que apresenta os momentos educacionais das crianças atendidas pela organização. São momentos em que, supervisionadas pelos adultos, as crianças visitam museus e fazem outras atividades de resgate à cultura local. O material é digitalizado e enviado para o padrinho, que aprende com a cultura e a comunidade da criança. A organização possui cerca de 30 mil crianças apadrinhadas no Brasil, que têm uma relação educativa e rica com o padrinho ou madrinha e essa educação é de mão dupla. 

Há também a metodologia Aflatoun para educação financeira para crianças e adolescentes. Por meio de ações sociais práticas, crianças aprendem outras temáticas como cuidados com o meio ambiente, direitos e cidadania na internet. A ONG também tem utilizado o WhatsApp para educar adolescentes sobre direitos sexuais e reprodutivos e articula uma rede de Juventudes, a Rejudes, que alcança sete mil jovens em todo país e que desejam ter uma educação de qualidade. 

Outro projeto é o Brinca e Aprende Comigo, realizado com o apoio da The LEGO Foundation, que utiliza ferramentas tecnológicas para incentivar a parentalidade lúdica em comunidades de baixa renda. Segundo Cunha, a criança é o público do Brasil que mais sofre violências e violações de direitos. De acordo com o Disque 100, 80% dessas violências ocorrem no ambiente doméstico. “Temos uma campanha de parentalidade lúdica, proteção da infância, ensinar a brincar em família, educação não violenta e isso tem sido disseminado nas comunidades por meio de ferramentas tecnológicas, de podcasts, rádios comunitárias e tem dado muito certo”, acrescenta. 

Na Campanha de Advocacy Criança é pra ser cuidada, o ChildFund Brasil incentiva a parentalidade lúdica, combate à violência doméstica contra a criança e o adolescente e à violência sexual on-line.

Outras autoridades que estiveram presentes no painel foram: Francesc Pedró, do Instituto de Educação Superior da América Latina e Caribe da UNESCO, Mamokgethi Phakeng, vice-chanceler da Universidade do Cabo, Puyr Tembé, presidente da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará, Alessandra Nilo, cofacilitadora do GT Agenda 2030 do Relatório Luz, e presidido por Carlos Bielschowsky, ex-secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação do Brasil. 

Considerada a maior conferência global de Ciência, Tecnologia e Inovação para aceleração da Agenda 2030 - que trata da implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, essa é a primeira vez que a G-Stic acontece nas Américas.  

Sobre o ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, para que essas pessoas tenham seus direitos respeitados e alcancem o seu potencial. Atualmente, a ONG está presente em sete estados brasileiros (Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Piauí e São Paulo). Para realizar esse trabalho que impacta positivamente na vida de mais de 110 mil pessoas, entre elas cerca de 60 mil de crianças e adolescentes, a organização conta com a doação de pessoas físicas, por meio do programa de apadrinhamento de crianças e também de doações de empresas, institutos e fundações que apoiam os projetos desenvolvidos. 

A fundação do ChildFund Brasil foi em 1966, e sua sede nacional se localiza em Belo Horizonte (MG). A organização faz parte de uma rede internacional associada ao ChildFund International, presente em 24 países e que gera impacto positivo na vida de 16,2 milhões de crianças e suas famílias. A organização foi eleita a melhor ONG de assistência social em 2022, e a melhor para Crianças e Adolescentes do país, por três anos (2018, 2019 e 2021), além de estar presente, também, entre as 100 melhores por 6 anos consecutivos pelo Prêmio Melhores ONGs.  www.childfundbrasil.org.br


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