25/05/2021 às 16h32min - Atualizada em 25/05/2021 às 19h10min

Comparações e classificações: que rótulo usar?

Dinamara P. Machado (*)

SALA DA NOTÍCIA NQM
Divulgação
A explosão dos rankings e a necessidade de aparecer no mundo digital  sinaliza a realidade de que vivemos em um mundo líquido, em constante transformação, em que tudo vira post, tem alcance e é efemero. A miríade de dimensões de fotos, de exposição, de conteúdos, de informações é uma marca do século 21, em que se compara e classifica. Bandeiras são erguidas para promoção de causas eternas e ganham diferentes tons no discurso com crítica, muitas vezes sem critividade.  

A classificação começa na base, com países sendo designados como do primeiro mundo, sonhado e esperado, do segundo ou do terceiro. Nova classificação para países desenvolvidos, em desenvolvimento ou menos desenvolvidos, com base em um conjunto complexo de indicadores. Mas todos seguem como classificação apenas. Porque este mundo tão sonhado do primeiro mundo, como nos Estados Unidos da América, de acordo com relatório de 2019 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, possui 17,8% da população em pobreza relativa e mais de 40 milhões de habitantes vivem abaixo da linha da pobreza. Uma estatística que pode, inclusive, ter sido alterada devido à pandemia que assola todo o planeta.  

Quando os refletores da nossa análise reluzem em terras tupiniquins, para além de números e estatíticas, é no andar pelas ruas que nos deparamos com realidades de pobreza multiplicadas pelas praças, marquizes, pontes. A pobreza econômica assola e extrai de forma temporária, ou definitiva, a dignidade humana. No Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2012, a renda per capita era de R$ 1.304,00 por família. Passados nove anos, constatamos como renda per capita o valor de  R$ 1.406,00 que deve suprir todas as demandas de sobrevivência. Porém, entre 2012 e 2019, tivemos acumulo de 5,61% de inflação, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. 

Comparações e rankings  vão muito além do nível macro de mundos criados para sobrevivência e manutenção do status quo, pois estão presentes em nossas vidas e no cotidiano de nossos atos. E nessa sociedade em que tudo é comparado, somente seremos adeptos a partir da análise do ranking. Seja daquele produto, ou de determinado pensamento, ou ainda do número de seguidores.  

Nesse mundo líquido acredita-se que comparar cientistas, professores, nobres representantes da paz pode ser uma saída para uma sociedade em transformação. Muitos discursos de rankings e comparações são mascarados pelo conceito de globalização e, inclusive, guardam na mesma proporção as bandeiras de igualdade e equidade. Ao mesmo tempo, todas as catástrofes humanas são caracterizadas a partir do mundo globalizado, comparado e repleto de rankings.  

Compreender a totalidade da sociedade a partir do prisma da dialética, da relação interna de interação dos seres humanos, das conexões do singular com o plural, faz-nos ter vontade de revelar que a emancipação humana pelo trabalho e  educação constitui-se como elemento central para sociedade que busca por rótulo. E se, de repente, você assumir que seu rótulo é FIB (Felicidade Interna Bruta), mesmo não estando no Butão, olhará para os seus dias com a grandeza daquele que compreende que viver ultrapassa rótulos.  
 
(*) Dinamara Pereira Machado é diretora da Escola de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER 
 
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